Mais de 6.730 bovinos morrem por falta de pasto


O estado de Roraima registrou a morte de 6.734 bois por falta de pastagem que foram atingidas pela seca severa e ataque de pragas em propriedades rurais, levando o governo decretar situação de emergência Dois problemas em rápido crescimento têm preocupado pecuaristas e agricultores de Roraima: a morte súbita do capim e a morte de gados. 

A severa estiagem e a infestação de pragas, como lagartas e percevejos, resultaram na morte de 6.734 animais bovinos no estado, além de devastar 46.329 hectares de pastagens, apontou a estimativa preliminar. O governo do estado decretou situação de emergência nesta quinta-feira (20) em Boa Vista. 

Para contextualizar o cenário, Roraima enfrentou o período seco de outubro até abril. O estado liderou o número de focos de calor do país em 2024. Com a falta de chuvas, rios secaram – como o caso do Rio Branco, e houve ocorrências de incêndios florestais que consumiram casas, animais, a vegetação e espalhou fumaça poluída pelo ar.

De forma preliminar, os dados obtidos pelo diagnóstico in loco do Iater de 5 a 19 de junho apontam o seguinte cenário em Mucajaí e Iracema, até o momento: foram verificadas 698 diagnósticos nos municípios, com mais de 6.700 animais mortos e 46.329 hectares de área de pastagem morta. 


O estudo ocorreu nas regiões do Apiaú, Roxinho, Sumaúma e Campos Novos. Os dados foram divulgados na quinta-feira, 20, pelo Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Iater), durante a coletiva de imprensa no Palácio Senador Hélio Campos, em Boa Vista, capital do Estado. 

Entre os municípios afetados pela falta de alimento para o gado estão Amajari, Alto Alegre, Bonfim, Cantá, Caracaraí, Iracema, Mucajaí, Pacaraima, Normandia e Uiramutã, segundo o governo. Com o emagrecimento do gado, se tornou comum pecuaristas soltarem os animais para que estes busquem alimentação, mas acabam morrendo ao longo de vicinais. 

O decreto cria o Programa Emergencial de Apoio à Pecuária Familiar e autoriza a contratação temporária de pessoal, dispensa de licitação para aquisição de bens e serviços essenciais, e a convocação de voluntários para reforçar as ações de resposta ao desastre. 


O levantamento do número de animais mortos é feito pelo Assistência Técnica e Extensão Rural (Iater) e o número pode ser ainda maior, pois as equipes ainda estão em campo visitando os produtores. Mucajaí é o município mais atingido, de acordo com o levantamento, com mais de 50 mil hectares de pasto devastados. 

Iracema aparece em seguida, com 10 mil. Entenda a situação Desde 2023, o estado de Roraima enfrenta uma severa estiagem, que se agravou em dezembro daquele ano e se estendeu até março de 2024. O período crítico resultou na falta de água potável e não potável, comprometendo tanto a agricultura quanto a pecuária. 

De acordo com o parecer da Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil, a situação exigiu a intervenção imediata do poder público. A estiagem prolongada, juntamente com incêndios florestais e a infestação de pragas como a lagarta militar e o percevejo-das-gramíneas, prejudicaram significativamente a produção de pastagens, levando à perda de plantas e à redução da produção animal. 

Esses fatores resultaram em expressivos prejuízos econômicos e sociais para os pequenos produtores rurais. Segundo o titular da Seadi, Márcio Grangeiro, o Programa Emergencial de Apoio à Pecuária Familiar “representa um esforço conjunto entre o governo estadual, instituições de classe e a comunidade rural para superar os desafios impostos pelos desastres naturais e assegurar a sustentabilidade do setor agropecuário em Roraima”. Bois tem morrido de fome em Roraima por falta de pasto . No ato, foi decretada a situação de emergência que reconhece a situação de anormalidade nas áreas comprovadamente afetadas pelo desastre nos municípios mais afetados. 

O decreto prevê medidas para minimizar os danos e auxiliar a população afetada, e que Estado e prefeituras devem trabalhar em conjunto para recuperar áreas afetadas. O texto é válido por 180 dias a partir da data de publicação. “É momento de estender a mão aos agricultores familiares que precisam do apoio do governo de Roraima. Nosso Estado tem o maior crescimento do rebanho bovino do País e a manutenção da pecuária é essencial para nossa economia. 

Por isso assinamos o decreto que reconhece a situação de emergência e prevê várias medidas para mitigar esse problema. Vamos disponibilizar crédito para produtores pequenos, familiares, além de equipamentos e pulverizadores para a recuperação das pastagens. Além disso, o Governo poderá comprar adubo e sementes diretamente para atender esses agricultores familiares, subsidiando até 90% dos custos”, declarou o governador Antonio Denarium na assinatura do decreto e lançamento do programa. 

Denarium agradeceu aos deputados estaduais Armando Neto, Aurelina Medeiros, Marcelo Cabral, Cláudio Cirurgião, Coronel Chagas e Gabriel Picanço, que também trouxeram demandas dos agricultores atingidos. 

Como vai funcionar o programa O governador destacou que o Iater (Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural) atuará em parcerias com a Seadi (Secretaria de Agricultura, Desenvolvimento e Inovação) e a agência Desenvolve Roraima para liberar os recursos necessários aos agricultores. O valor dos recursos repassados aos pequenos pecuaristas é de até R$ 1.750 por hectare atingido. 

O máximo que cada produtor pode vincular vai até 5 hectares, o que chega a um teto de R$ 8.750. Os tomadores deste crédito especial terão a opção de receber o insumo diretamente ou o valor para realizar a compra. “O Governo de Roraima está comprometido em fornecer todo o suporte necessário para que os pequenos produtores possam se recuperar dos impactos da estiagem e das pragas. 

É uma medida que prevê não só a recuperação imediata, mas também a prática sustentável que reforce a resistência das comunidades rurais em próximas situações”, afirmou Denarium. De acordo com o presidente do Iater, Marcelo Pereira, para dar entrada no Programa Emergencial de Apoio à Pecuária Familiar, o produtor acometido pelo ataque de lagartas e da seca severa deve procurar o escritório do Iater mais próximo da sua propriedade e conversar com os técnicos do instituto munidos da documentação da propriedade, seja o título definitivo, declaração de aptidão ou o CAF (Cadastro Nacional da Agricultura Familiar), caso tenha os dois. 

“Caso não tenha um dos dois, a gente pode emitir o CAF com a declaração de que fez a vacinação do rebanho pela Aderr, que vai comprovar o rebanho existente na propriedade ou o rebanho que foi acometido ou que perdeu durante essa ataque de lagartas”, explicou. 

 O Programa Emergencial de Apoio à Pecuária Familiar inclui medidas como: Fornecimento de recursos hídricos para consumo humano e animal; Apoio técnico para a recuperação de pastagens; Recurso até 90% dos recursos utilizados para financiamento e fomento agropecuário; Renegociação de dívidas dos produtores rurais afetados; Abertura de crédito extraordinário para atender a despesas imprevisíveis e urgentes.