O município de Barreiras, no extremo oeste da Bahia, se junta a Juazeiro, Jequié, Campo Formoso e outros municípios, em que os irmãos Alex e Fábio Parente protagonizaram um esquema de lavagem de dinheiro e superfaturamento de contratos junto às prefeituras. Investigados no âmbito da Operação Overclean, deflagrada pela Polícia Federal na última terça-feira (10), os irmãos Parente seriam os principais líderes de uma organização que desviava dinheiro dos cofres públicos.
Nos autos do inquérito obtido pelo Bahia Notícias, a Polícia Federal já sinaliza que “similar aos demais contratos, o grupo criminoso, através de operadores centrais e regionais, coopta servidores públicos, com a finalidade de obter diversas vantagens, seja no direcionamento, seja na execução dos contratos”.
O detalhamento das operações aponta, por sua vez, que o esquema em Barreiras chegou a movimentar R$ 14 milhões em contratos e contava com a participação de, pelo menos, um secretário municipal e uma servidora chamada Maria.
No extremo oeste, o esquema utilizou uma das empresas de fachada, Qualymulti Serviços Eireli, para conseguir cerca de 24 contratos com a prefeitura de Barreiras, segundo levantamento junto ao site Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia (TCM-BA).
Por meio de uma escuta ambiental, a Polícia interceptou uma conversa entre Alex e um interlocutor não identificado, em que este último “reporta uma liberação de pagamentos de contratos firmados com a Prefeitura de Barreiras, mediante ajuste e pagamento de propina”.
O diálogo foi registrado em 06 de agosto de 2024 e, segundo a conversa, uma servidora de prenome Maria, vinculada ao setor financeiro da Prefeitura, seria uma das envolvidas na liberação dos valores contratuais.
Os suspeitos afirmam ainda que ainda haveria valores a serem pagos pelo Executivo Municipal, por meio da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra). A promessa é que os pagamentos fossem priorizados na “fila” para quitação até o décimo dia do mês.
“Noutra senda, apontamos também, informação obtida por fonte humana, que a servidora Maria Valdeci teria recebido em 05/08/2024, propina cujo valor ainda é desconhecido, como ajuste pelo empenho dos valores em benefício da empresa Qualymulti Serviços”, diz o inquérito da PF.
A Polícia Federal sugere ainda que a fonte não identificada possa ser Fábio Netto do Espírito Santo, também integrante do esquema dos irmãos parente, mas não necessariamente ligado à Prefeitura. Na conversa, ambos citam um outro suspeito, de codinome “Sequeta”, que as investigações apuram ser um secretário de Infraestrutura ou Meio Ambiente de Barreiras.
Este secretário teria então sugerido uma conta jurídica, com nome de GMD Borba Distribuidora Ltda., onde teria recebido R$ 20.000,00 na conta corrente, em valor de propina no dia 07 de agosto. No dia seguinte, 08 de agosto, foram liberados oito pagamentos de ambas as secretarias direcionados aos contratos com a Qualymulti Serviços, dos irmãos Parente.
Os pagamentos, somados, chegam a R$ 800 mil reais. Por meio da quebra de sigilo bancário, a PF descobriu ainda que a empresa utilizada pelo servidor municipal para o pagamento da propina, GMD, recebeu “aproximadamente 330.000,00 mil reais em repasses sucessivos e mensais no valor de R$ 20.000,00 vinte mil reais” vindos da empresa BRA TELES, utilizada como “fachada” pelo esquema de Alex e Fábio para pagamento das propinas.
O esquema do grupo em Barreiras venceu licitação para prestar, sob demanda, serviços de engenharia na Prefeitura de Barreiras, num total de até R$10 milhões, sendo que já teria arrecadado um valor de R$ 4.380.000,00 pelos serviços prestados em 24 contratos. Ao total, a movimentação de recursos no município chega a mais de R$ 14 milhões.
Fonte: Bahia Notícias